A primeira vez que ouvi falar da rota das cervejarias do Vale Europeu foi no Guia da Cerveja de 2008, e, tão logo li a reportagem (legal pra caramba, por sinal), já coloquei na cabeça a obrigação de viajar a Blumenau. Infelizmente, tendo compartilhado a ideia com os demais confrades, nunca houve oportunidade de concretizar o projeto em conjunto, até porque precisaríamos de uns três dias para que pudéssemos conhecer com calma todas as dez cervejarias espalhadas pelo Vale do Itajaí. Passou o tempo, até que, sexta-feira passada, num inspirado estalo, decidi que deveria percorrer o caminho inteiro no sábado, tipo, só no sábado. Sendo assim, tracei a rota no Google Maps, dividi a ideia com minha esposa, Larissa, colocamos as mochilas no porta-malas e zarpamos no outro dia bem cedo.
Partimos a toda velocidade do Pilarzinho, atravessamos o Centro, e entramos na Avenida das Torres como uma flecha na proa da BR-376, quando então... paramos no engarrafamento e não saímos mais do lugar, porque era sábado de carnaval..., apesar do momentâneo balde de água fria, perseveramos bravamente e continuamos nosso caminho, a uns trinta por hora, sempre em frente, e, já que, por sorte, e também porque somos safos, saímos de casa bem cedo, conseguimos chegar a Timbó só uma hora e meia após o previsto, às 11:30h, quando então visitamos nossa primeira cervejaria, a Borck.
Assim como na Borck, todas as visitas ao interior das fábricas devem ser agendadas com antecedência, e assim o fizemos, o que nos possibilitou momentos interessantíssimos. Já li algumas coisas a respeito de fabricação de cerveja caseira, e, tendo visto as fotos, posso dizer que a Borck parece uma cervejaria caseira com panelas super crescidas, característica que serve para praticamente todas as demais. Mas tal simplicidade parece ser o segredo da qualidade de seus produtos, os quais são fabricados sem nenhum aditivo e seguindo estritamente a Lei da Pureza de 1516. A Borck faz um ótimo chope pilsen, uma malzbier mais adocicada e tem uma boa e encorpada weiss em fase de elaboração, a qual pudemos experimentar em primeira mão.
A próxima cervejaria no caminho seria a Heimat, em Indaial, mas, como já estávamos atrasados, tivemos que pular essa e seguimos direto para Blumenau afim de visitar a famosa cervejaria Sudbrack, que produz a gloriosa Eisenbahn. Cara, quando você olha para a cervejaria não tem como acreditar que o lugar fabrica quantidade de birra suficiente para abastecer o país todo. É bem pequeno, e tem um pub na entrada que vende os produtos da Eisenbahn, bem como petiscos e souvenirs, mas confesso que fiquei um pouco decepcionado com a visita à fabrica, a qual, quando deu 14:00h, conforme marcado, foi conduzida por uma moça que respirou fundo e cuspiu tudo que havia decorado em apenas alguns minutos, que se passaram entre o vidro que separa o bar da fábrica e uma corrente que limitava o acesso, mas pudemos escutar ao longe as garrafas sendo tampadas...
Dali continuamos em direção à cervejaria Wunder Bier. Chegamos às 16:00h e o lugar, um bar grande e bonito, estilo alemão, como tudo, só abria às 17:00h, pequeno erro de programação. Quando abriu, pudemos experimentar um chope pilsen que não nos impressionou muito, tal sua suavidade e falta de corpo, não obstante o evidente cuidado com a preparação e com os ingredientes. Claramente uma receita voltada para os que bebem Kaiser aos litros. Também são servidos lá os chopes weizenbier e scwarzbier.
De Blumenau, partimos então para o município de Gaspar, casa da Das Bier, onde agendamos visita para 18:00h, e, no caminho, reparamos como todos os municípios vizinhos a Blumenau são bonitos e acolhedores. Até que chegamos ao nosso destino...aí cara...foi de cair o queixo, o lugar parece o paraíso. A Das Bier foi construída vizinha a um pesque-e-pague em um terreno que parece um campo de golfe, o qual pode ser avistado do deck do bar,também bem amplo. Fomos muito bem recebidos e a visita foi super detalhada. A cerveja, excelente, tanto a pilsen, não filtrada, quanto a Braunes Ale, uma bock, segundo nosso cicerone, e a weizenbier. Se tivéssemos conhecido só essa cervejaria já teria valido a pena.
No Itoupava Central, bairro mais ao norte de Blumenau, nos hospedamos por volta das 20:30, em um hotelzinho bem simples, mas confortável, e que nos custou só 65 reais, e dali fomos para a última cervejaria do dia, a Bierland. Sou obrigado a dizer que o atendimento lá me desanimou um pouco, e por causa disso quase xinguei a cerveja para o garçom, mas, seguindo o principio da imparcialidade, atesto que a cerva dos caras é boa e que o bar até que é bonito. Espero sinceramente voltar lá para conhecer a cervejaria por dentro e para concluir que fiquei com a impressão errada. Cabe dizer que é a única, fora a Eisenbahn e a OPA, que envasa (valeu Cony!)
Já cansados, voltamos para o hotel por volta das nove e apagamos. No outro dia, começamos o caminho de volta para Curitiba, passando por Pomerode, onde visitamos a cervejaria Schornstein (chaminé), onde chegamos quase ao meio-dia. Aqui vou deixar nossa opinião registrada sobre Pomerode: é o município mais bonito da região, sei que deve ter os mesmos problemas de qualquer cidade, mas parece que é perfeita, e tem tudo que você precisa para viver, comida do outro mundo e barata, boa cerveja, comércio diversificado (chocolate...) e trânsito tranquilo. Paz na terra! Já a cervejaria...é o melhor de tudo hehe...alto nível, pessoal super gente boa. O Getúlio nos mostrou toda a fábrica, sendo o condutor da visita, sommelier da casa, nos explicou com muita propriedade cada uma das etapas da produção; e o José Carlos, mestre-cervejeiro, figuraça, nos contou um pouco da história do lugar, além de ter nos feito companhia durante a degustação, uma das pessoas mais simpáticas e agradáveis que conhecemos. Cervejas da casa: Pilsen (excelente), Pilsen cristal (ótima), Pale Ale (uma das melhores), Weiss (ótima), Bock (o melhor que já tomei), e Imperial Stout (essa sem comentários)
Após almoçarmos, pegamos a BR de volta para casa, mas, não contentes, passamos ainda por Joinvile e conhecemos a Praça OPA, onde paramos para degustar algumas. Após isso, chegamos por volta das oito completamente satisfeitos.
Saliento que ficaram faltando as cervejarias Zehn Bier, em Brusque, Heimat, em Indaial, e a Konigs Bier, em Jaraguá do Sul, as quais serão objetos da BeerTripSC nº2, que será realizada em breve, e que, como tudo que temos feito envolvendo birra, será postado aqui.
2 comentários:
E eu e a Jana torrando em Itapema (deveriam fazer um protetor TOTALMENTE à prova de água!)... De refresco na praia, o de sempre: Heineken. Nada comparado às experiências de vocês. A Larissa foi quem dirigiu, né?
A foto com os vários copos de cerva ficou ótima. A melhor das coleções. Não pega poeira, não envelheçe, não se perde. Esta na sua memória. E agora nas nossas. Prost!
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