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domingo, agosto 08, 2010

Cheiro de churrasco?


Essa foi a primeira impressão da Jana quando abrimos uma garrafa da Aecht Schlenkerla Rauchbier Märzen. E o cheiro de churrasco é impressionante. Até o aroma daquela gordurinha desmanchando no espeto pudemos sentir. Embora fora de época, afinal, o outono já passou e não sei se daria certo tomá-la durante o outubro do hemisfério sul, a cerveja é muito boa. Como lido lá no Brejas, o aroma não acompanha tanto o sabor, mas não a diminui por causa disso: encorpada, com espuma persistente e cremosa. 
Drinkability média, porque, para quem a toma pela primeira vez pode se assustar, como eu me assustei (tenho quase certeza de que já a experimentamos, mas não consegui me lembrar. Desculpas aos confrades!). Paguei R$12 e alguma coisa na garrafa, e recomendo. Com um churrasco acompanhando deve ficar excelente! Abraço!

domingo, agosto 01, 2010

Viva Porto Alegre!


Após a última não tão bem sucedida incursão às cervejas gaúchas, eis que na noite de ontem redescobri uma das microcervejarias da região: a Dado Bier. Não sei há quanto tempo estão produzindo cervejas artesanais, e também não encontrei essa informação no site da empresa, mas o fato é que estão produzindo uma ótima Weiss e uma excelente Belgium Ale. Infelizmente, a grana tava mais curta do que nunca, no último final de semana do mês, e não pude experimentar a Black, as três marcas que o Elvis Café oferecia.

Também faltou uma máquina fotográfica, de novo, para mostrar o excelente café, inspirado no rei do rock, aqui em Farroupilha. As atendentes falharam com os copos, e o preço das cervejas é salgado, mas as cervejas e as companhias compensaram todos os problemas.
As garrafas seguem o formato das Baden Baden, Colorado, aquela gordinha, de 600 ml. Não sei por que elas combinam com a ideia artesanal das cervejas, e se alguém puder tirar essa dúvida agradeço.  O rótulo também ajuda, com aquela pretensão retrô, mas pelo menos a Dado Bier é sincera, lá na bolacha está escrito: desde 1995, não mil oitocentos e alguma coisa, como em algumas tentativas fracassadas de algumas cervejas quererem passar por mais velhas do que realmente são, como se isso lhes conferisse mais qualidade.

Ambas apresentam uma carbonatação média, de aroma e sabor equilibrados. A espuma é relativamente espessa, mas se desfez rapidamente (o copo aqui pode ter influenciado). Como prefiro as Ale, me identifiquei com a Belgium, e ganhou ótimo na minha avaliação em drinkability. Elas são ótimas cervejas, a de trigo é uma de trigo, a ale é uma ale, por isso não vou entrar em detalhes. São tão boas quanto as da Eisenbahn, e por isso minha surpresa, depois da experiência com a Shimitt. Falta agora experimentar as demais – li até sobre uma edição de páscoa, a double chocolate stout – e ver no que dá. Não sei se a Ilex mudou alguma coisa da primeira e única vez que a experimentei, mas a ideia de combinar as duas paixões gaúchas – cerveja e chimarrão – não tinha “dado” (foi sem querer) muito certo. Em breve, mais notícias desses pagos... com fotos, prometo!

quinta-feira, julho 22, 2010

No Sul, beba como os Gaúchos

Porém, ao contrário do que levaria qualquer um a pensar, não falarei da tradicional Polar. Há duas semanas de volta ao Rio Grande do Sul, vivendo um frio de 3 graus - nos dias quentes - fui ao mercado procurar as novidades da terra, após os 9 anos fora.
Vasculhando aqui e ali, apareceu a La Brunette, stout apreciada anteriormente com os amigos confrades. Na mesma prateleira, encontrei as irmãs também produzidas pela portoalegrense Cervejaria Schmitt: A Barley Wine, Ale, Sparking Ale, Magnum e a Schlau Hefewizen. Com pouca verba, tive que as selecionar pelo melhor custo-curiosidade (categoria criada para a primeira degustação em chão Farroupilha). Decidido, levei a de trigo (Schlau), a Sparking Ale e a Stout, todas custando R$9,78.

Como de costume, comecei a fazer anotações cuidadosas, observando cada detalhe, em cada sentido. O primeiro ponto para a cerveja: garrafas com 750ml são excelentes! Quando tu achas que acabou vem mais um copo de brinde. Infelizmente, o teor alcoólico aliado à quantidade de eme-eles me fez perder as anotações, e o senso de obervação foi sensivelmente afetado. Não o prazer de desfrutar cervejas.
Seguem então as observações (possíveis) constatadas: a dupla fermentação na garrafa é a grande propaganda da marca. O rótulo faz questão de dar destaque, e a alta carbonatação foi percebedida em todas as experimentadas. Talvez na stout seja menor, talvez por isso seja a melhor das três (desconsiderando, aqui, os diferentes estilos. O critério foi a marca, e nem sei se isso é possível, enfim.). Melhor porque os aromas são mais marcantes na Brunette, dado a forte acidez das outras duas, que acredito ser ocasionada pela alta "fermentatividade" (que nenhum especialista leia isso!).

Ousaria dizer que as outras duas são uma quase Ale e uma quase Wizen, pois para perceber as notas frutadas da primeira exigem um paladar altamente preparado, que separe a tal acidez e permita senti-la mais profundamente. Digo o mesmo da de trigo. Depois, acabei lendo uma opinião alheia que dizia: "se eu não soubesse que era de trigo, dificilmente saberia defini-la", disse um dos tops do Brejas.com. Enfim, senti o mesmo.
Mas há outros aspectos que gostei muito, como a consistência e duração da espuma (aquela da Brunette, meio queimadinha... Ah!) e a coloração da de trigo e da stout. Infelizmente, o tempo frio impediu uma melhor avaliação do aroma (acho também que deixei elas gelarem demais). Mesmo parecendo que só reclamei, no final, acabei gostando. A prenda também gostou, e para uma primeira vez, foi ótimo. Início do mês vou experimentar a Magnum e a Barley Wine, e acho que vou mudar de opinião.
"Saúde, meus camaradas", foi o brinde do último final de semana, aos amigos distantes, geograficamente. Fico devendo as fotos, mas as colocarei em breve (para mais informações, segue merchan do sítio da Cervejaria).

quinta-feira, maio 20, 2010

London 30 Hours

Demorou mas me animei em contar como foi uma aventura que realizei entre os dias 21 e 24 fevereiro de 2010, junto com minha parceira de jornadas, minha mulher. London 30 Hours: Esse foi o nome dado a empreitada. E foi isso mesmo. Somente 30 horas na capital Inglesa. Momentos intensos e frios. Muito para 1800 minutos. Pouco para uma cidade que nasceu há mais de 2000 anos, que possui belíssima arquitetura e opção de entretenimento para tudo o que você imaginar.

Um amigo me perguntou, antes desta viagem: Eiffel ou Big bem? Me desculpe, mas continuo com a Torre Eiffel.O “Grande Ben” e o Parlamento são realmente incríveis mas tenho um carinho especial por aquela construção de aproximadamente 320 metros. Afinal, foi a primeira escapada da colônia do Pau Brasil.

Saímos de GRU no vôo TAM8084. Previsto para às 23:40, decolamos com um tradicional atraso às 00:30. Graças a uma fantástica corrente de jato, chegamos em Londres às 14:30 local.

A passagem pelos filtros de entrada no país foram muito fáceis. Acho que é essa minha carinha de europeu e a minha simpatia de brasileiro. Acho que ser controlador de tráfego aéreo também ajudou. A agente de imigração se mostrou muito receptiva ao ver minha profissão. Eles dão um valor danado lá fora. Também falamos sobre Londrina e ela ficou encantada em saber sobre a “Pequena Londres”.

Por volta das 16:00, já estávamos de de banho tomado na estação de Hatton Cross, prontos para seguir para “downtown”. Vi alguns flocos de algo parecido com neve caírem do céu. Me disseram que é granizo leve ou uma chuva congelada.

Quase 17 horas. Picadilly Circus. Coração da cidade. Compramos entradas para “The Phantom of the Opera”. Caminhamos em direção ao Covente Garden, especie de mercado de flores e presentinho, além de vários pubs e restaurantes.

Sonhos são pessoais. O que é legal para você pode não ser para mim. E vice-versa. Meu sonho de número 21: tomar um “pint” de Guinness em um pub londrino. Claro que o de número 20 é em um pub em Dublin. Fica para uma próxima vez.

“The Essex Serpent” foi nossa parada. Lá se vai mais um sonho realizado. Guinness, Fish and Chips. Como é bom realizar sonhos. Pequeno e agradável. Comida saborosa e bem servida. Mais um “pint”, agora de Staropramen, uma Tcheca levemente encorpada. Depois de quase uma hora, como um beliscão para se confirmar o sonho acordado, uma outra Guinness.

Um passeio rápido pelo Covent e seguimos para o teatro. No través da Trafalgar Square, a primeira visão de Ben, já iluminado pelas luzes internas, na fria e húmida noite Londrina. Londrina? Eu moro em Londrina. Às 20:30 teve início “The Phantom of the Opera”. Fascinante. Valeu a pena cada “pound”. Ao final, voltamos para o hotel com a vontade de ficar a noite toda passeando. Frio mas mesmo assim agitado. Muita gente na rua. Luzes para todos os lados. Mas o cansaço da viagem pedia um descanso rápido.

Depois de seis horas de sono, voltamos para a rua. Eram sete da manhã no Meridiano de Greenwich. No Brasil, quatro horas. Que sono. Que sono nada. Não dava para perder nem um segundo.

Big Ben, Parlamento, London Eye, Westminster Abbey, Tower Bridge, Tower of London. Só por fora. Não dava tempo de entrar. As trinta horas mais produtivas da minha vida. E pensar que eu ficava preso por quase trinta horas entre os muros de meu antigo trabalho. Seguimos para o Imperial War Museum: duas horas caminhando entre artefatos da Primeira e Segunda Guerra. Isso é uma das minhas praias.

De volta para o hotel mais Fish and Chips, Guinness e também uma Carling. Depois fomos para o aeroporto, proa Brasil, na memória, Londres 30 horas.

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

BEERTRIP SC

A primeira vez que ouvi falar da rota das cervejarias do Vale Europeu foi no Guia da Cerveja de 2008, e, tão logo li a reportagem (legal pra caramba, por sinal), já coloquei na cabeça a obrigação de viajar a Blumenau. Infelizmente, tendo compartilhado a ideia com os demais confrades, nunca houve oportunidade de concretizar o projeto em conjunto, até porque precisaríamos de uns três dias para que pudéssemos conhecer com calma todas as dez cervejarias espalhadas pelo Vale do Itajaí. Passou o tempo, até que, sexta-feira passada, num inspirado estalo, decidi que deveria percorrer o caminho inteiro no sábado, tipo, só no sábado. Sendo assim, tracei a rota no Google Maps, dividi a ideia com minha esposa, Larissa, colocamos as mochilas no porta-malas e zarpamos no outro dia bem cedo.

Partimos a toda velocidade do Pilarzinho, atravessamos o Centro, e entramos na Avenida das Torres como uma flecha na proa da BR-376, quando então... paramos no engarrafamento e não saímos mais do lugar, porque era sábado de carnaval..., apesar do momentâneo balde de água fria, perseveramos bravamente e continuamos nosso caminho, a uns trinta por hora, sempre em frente, e, já que, por sorte, e também porque somos safos, saímos de casa bem cedo, conseguimos chegar a Timbó só uma hora e meia após o previsto, às 11:30h, quando então visitamos nossa primeira cervejaria, a Borck.

Assim como na Borck, todas as visitas ao interior das fábricas devem ser agendadas com antecedência, e assim o fizemos, o que nos possibilitou momentos interessantíssimos. Já li algumas coisas a respeito de fabricação de cerveja caseira, e, tendo visto as fotos, posso dizer que a Borck parece uma cervejaria caseira com panelas super crescidas, característica que serve para praticamente todas as demais. Mas tal simplicidade parece ser o segredo da qualidade de seus produtos, os quais são fabricados sem nenhum aditivo e seguindo estritamente a Lei da Pureza de 1516. A Borck faz um ótimo chope pilsen, uma malzbier mais adocicada e tem uma boa e encorpada weiss em fase de elaboração, a qual pudemos experimentar em primeira mão.

A próxima cervejaria no caminho seria a Heimat, em Indaial, mas, como já estávamos atrasados, tivemos que pular essa e seguimos direto para Blumenau afim de visitar a famosa cervejaria Sudbrack, que produz a gloriosa Eisenbahn. Cara, quando você olha para a cervejaria não tem como acreditar que o lugar fabrica quantidade de birra suficiente para abastecer o país todo. É bem pequeno, e tem um pub na entrada que vende os produtos da Eisenbahn, bem como petiscos e souvenirs, mas confesso que fiquei um pouco decepcionado com a visita à fabrica, a qual, quando deu 14:00h, conforme marcado, foi conduzida por uma moça que respirou fundo e cuspiu tudo que havia decorado em apenas alguns minutos, que se passaram entre o vidro que separa o bar da fábrica e uma corrente que limitava o acesso, mas pudemos escutar ao longe as garrafas sendo tampadas...

Dali continuamos em direção à cervejaria Wunder Bier. Chegamos às 16:00h e o lugar, um bar grande e bonito, estilo alemão, como tudo, só abria às 17:00h, pequeno erro de programação. Quando abriu, pudemos experimentar um chope pilsen que não nos impressionou muito, tal sua suavidade e falta de corpo, não obstante o evidente cuidado com a preparação e com os ingredientes. Claramente uma receita voltada para os que bebem Kaiser aos litros. Também são servidos lá os chopes weizenbier e scwarzbier.

De Blumenau, partimos então para o município de Gaspar, casa da Das Bier, onde agendamos visita para 18:00h, e, no caminho, reparamos como todos os municípios vizinhos a Blumenau são bonitos e acolhedores. Até que chegamos ao nosso destino...aí cara...foi de cair o queixo, o lugar parece o paraíso. A Das Bier foi construída vizinha a um pesque-e-pague em um terreno que parece um campo de golfe, o qual pode ser avistado do deck do bar,também bem amplo. Fomos muito bem recebidos e a visita foi super detalhada. A cerveja, excelente, tanto a pilsen, não filtrada, quanto a Braunes Ale, uma bock, segundo nosso cicerone, e a weizenbier. Se tivéssemos conhecido só essa cervejaria já teria valido a pena.

No Itoupava Central, bairro mais ao norte de Blumenau, nos hospedamos por volta das 20:30, em um hotelzinho bem simples, mas confortável, e que nos custou só 65 reais, e dali fomos para a última cervejaria do dia, a Bierland. Sou obrigado a dizer que o atendimento lá me desanimou um pouco, e por causa disso quase xinguei a cerveja para o garçom, mas, seguindo o principio da imparcialidade, atesto que a cerva dos caras é boa e que o bar até que é bonito. Espero sinceramente voltar lá para conhecer a cervejaria por dentro e para concluir que fiquei com a impressão errada. Cabe dizer que é a única, fora a Eisenbahn e a OPA, que envasa (valeu Cony!)

Já cansados, voltamos para o hotel por volta das nove e apagamos. No outro dia, começamos o caminho de volta para Curitiba, passando por Pomerode, onde visitamos a cervejaria Schornstein (chaminé), onde chegamos quase ao meio-dia. Aqui vou deixar nossa opinião registrada sobre Pomerode: é o município mais bonito da região, sei que deve ter os mesmos problemas de qualquer cidade, mas parece que é perfeita, e tem tudo que você precisa para viver, comida do outro mundo e barata, boa cerveja, comércio diversificado (chocolate...) e trânsito tranquilo. Paz na terra! Já a cervejaria...é o melhor de tudo hehe...alto nível, pessoal super gente boa. O Getúlio nos mostrou toda a fábrica, sendo o condutor da visita, sommelier da casa, nos explicou com muita propriedade cada uma das etapas da produção; e o José Carlos, mestre-cervejeiro, figuraça, nos contou um pouco da história do lugar, além de ter nos feito companhia durante a degustação, uma das pessoas mais simpáticas e agradáveis que conhecemos. Cervejas da casa: Pilsen (excelente), Pilsen cristal (ótima), Pale Ale (uma das melhores), Weiss (ótima), Bock (o melhor que já tomei), e Imperial Stout (essa sem comentários)

Após almoçarmos, pegamos a BR de volta para casa, mas, não contentes, passamos ainda por Joinvile e conhecemos a Praça OPA, onde paramos para degustar algumas. Após isso, chegamos por volta das oito completamente satisfeitos.

Saliento que ficaram faltando as cervejarias Zehn Bier, em Brusque, Heimat, em Indaial, e a Konigs Bier, em Jaraguá do Sul, as quais serão objetos da BeerTripSC nº2, que será realizada em breve, e que, como tudo que temos feito envolvendo birra, será postado aqui.

Um grande abraço a todos!!

terça-feira, fevereiro 16, 2010

"O que é bom acostuma rápido"

Parafraseando meu amigo Leandro, e esquecendo-me do principal do último post: a melhor, escolhida por mim.

Voll-Damm, a Marzenbier espanhola convenceu-me aquela noite:
  • Amarelada-escura, altamente refrescante;
  • Sabor adocicado no começo, passando pelo amargo e no retrogosto, seco;
  • Drinkability alto, obviamente;
  • Carbonatação alta, de fazer salivar a boca...

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Como é bom tomar cerveja!

Na primeira reunião de degustação da Confraria, com parte do klan reunido, embebedei-me e dormi no colo de minha mulher. Não que esperasse algo diferente, após experimentar cervejas de teor alcoólico entre 5 e 10%, mas o pileque deu-se por algo a mais, no mundo das cervejas que degustamos. O que quero dizer é que há um embriagar-se de espírito, após todos os seus sentidos – colocados a prova a cada nova garrafa – serem “desgastados” em cheiros, cores e sabores diferentes.

Entorpecer-se longe dos churrascos com pagode, com critério e um pouco de paciência, eleva o espírito às sensações mais profundas. Beber com propriedade, é, antes de mais nada, uma experiência física e mental. Encher a cara de pseudo-pilsens pode ter sim algum valor, mas não se compara às experiências que vivenciamos no último final de semana, com o cardápio recheado que meu amigo Leandro já expôs no último post.

Vim, agora, para falar do prazer de beber com propriedade, façanha que há alguns anos antes, quando ainda gostava de vinho suave e achava minha vida o máximo, não poderia imaginar. Agora me enveredo pelo caminho de um prazer diferente, mais profundo, querendo entender todo o trabalho, do cultivo da terra a qual foram plantados o malte e a cevada até o engarrafamento desta bebida, e que está, agora, a minha disposição.

Não há dinheiro no mundo que pague tal satisfação (há, na verdade, falta de dinheiro para beber tudo o que gostaria!), e para isso a Confraria foi fundada: bons amigos (faltou o André!), nossas mulheres, comida e bebidas boas, além de muita conversa. Acho que há aí a receita do elixir da boa vida, que eu, bem como meus amigos, tenho certeza, escolhemos para as nossas (vidas).

domingo, fevereiro 07, 2010

DEGUSTAÇÃO Nº1

É com imensa satisfação que comunico que, no dia 06 de fevereiro de 2010, durante quente noite de sábado, nós confrades do Klandestinus separamos os homens dos meninos e realizamos nossa primeira e gloriosa degustação de cervejas. Apesar do desfalque de um importante confrade, o qual, cabe ressaltar, esteve todo o tempo presente em nossas lembranças, pudemos nos congraçar perante o espírito de oito respeitáveis brejas, que nos proporcionaram prazerosos, educativos e surpreendentes momentos.

Há muito tempo que tal evento vinha sendo preterido e substituído, ou por experimentações isoladas de uma ou outra cerveja, ou por comemorações regadas a cervejas de menor vulto, visto que alguns de nossos botecos do coração ainda não vislumbraram possibilidades mais requintadas de cardápio. Mesmo assim, pela quantidade de estudo, de informações, e de latas e garrafas violadas, já sentíamos a necessidade premente de galgar um degrau mais alto quanto ao assunto.

Sem mais delongas, vai aqui a lista das cervejas que degustamos, na seqüência em que foram servidas. Disponibilizei , no final do post, uma planilha com dados detalhados de cada rótulo (a mesma que usamos na degustação):




1 - HOFBRÄU ORIGINAL
PAÍS - Alemanha
ESTILO - Munich Helle

2 - HACKER-PSCHORR ANNO 1417
PAÍS - Alemanha
ESTILO - Keller Beer

3 - VOLL-DAMM
PAÍS - Espanha
ESTILO - Marzenbier

4 - FULLER'S IPA
PAÍS - Inglaterra
ESTILO - India Pale Ale


5 - TILBURG'S
DUTCH BROWN ALE
PAÍS - Holanda
ESTILO - Brown Ale

6 - BACKER MEDIEVAL
PAÍS - Brasil
ESTILO - Belgian Blond Ale

7 - WÄLS TRIPEL
PAÍS - Brasil
ESTILO - Belgian Tripel

8 - COOPERS EXTRA BEST STOUT
PAÍS - Austrália
ESTILO - Foreign Extra Stout




É isso aí. Esperamos poder repetir em breve com o time completo.

Só alegria!

Prost!!!

planilha de degustação

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

CERVEJAS EXTREMAS

Faz uns quatro anos parei num bar com meu irmão para tomarmos cerveja. Pedimos o cardápio e vimos que o bar, não contente por vender só chopp, vendia o chopp de uma micro cervejaria que agente nunca tinha visto e que já não me lembro o nome (depois mudaram para Eisenbahn). Serviam de três tipos: claro, escuro e de trigo. “Olha só! Já tomou chopp de trigo?”. Foi a primeira vez que o cabaço aqui tomou cerveja de trigo. E confesso que não vi graça nenhuma, devo ter feito a mesma cara que minha mãe fez quando escutou Eric Clapton pela primeira vez.

Talvez eu não consiga descrever direito o caminho que percorremos, eu e meus amigos, até uma realidade em que não conseguimos beber qualquer cerveja mais barata que uma Heineken sem torcer o nariz, mas posso dizer que foi um dos mais prazerosos processos pelo qual alguém pode passar. E dito isso, digo também que não tenho o objetivo de ensinar ninguém, cada um que garimpe o seu ouro, mas fico feliz se as dicas aqui passadas se tornem úteis para alguém.

Então, só para começar, vão aqui duas curiosidades do mundo cervejeiro. Duas cervejas extremas. Uma é a mais forte do mundo, tipo uma Malt Liquor, com o maior teor alcoólico já registrado. A outra é a cerveja mais amarga do mundo, considerando a quantidade e a variedade de lúpulo presente na fabricação. Uma é rainha do malte, e a outra é a rainha do lúpulo, por assim dizer. Ambas, infelizmente, pelo menos para mim, inacessíveis. Por enquanto.


Founders Devil Dancer Triple IPA

O IBU (International Bitterness Unit) é uma unidade que mede o amargor das bebidas alcoólicas, bastante utilizado na indústria cervejeira. Para se ter uma ideia, o IBU da Brhama do boteco tem entre 8 e 15 IBU, e a Czechvar tcheca tem entre 35 e 45. Essa aqui é fabricada pela Founders Brewing Company em Michigas, EUA e tem IBU 200. Olha a descrição do fabricante:

“A mais complexa, mais inovadora, mais temida e ainda assim a mais reverenciada ale produzida. Maciça na complexidade, o enorme caráter de malte equilibra o insano montante de lúpulo usado para criar este monstro. O maior IBU documentado por qualquer cervejaria, mais do que você acreditaria, e lupulada durante vinte e seis dias ininterruptos com uma combinação de 10 variedades de lúpulo. Perigosamente bebível e deliciosamente má. Desafiamos você a dançar com o Diabo.”



Schorschbrau Schorschbock 40%

A cerveja com maior teor alccólico feita até hoje, principalmente pela quantidade de malte que, como sabem, é o ingrediente responsável pelo álcool através da transformação do amido durante a fermentação. Feita na Alemanha pela Kleinbrauerei Schorschbrau, possui 40% de teor alcoolico. Aí embaixo tem a propaganda e a descrição do fabricante.

“A historic month with a further, barely imaginable beer record!
We at Schorschbräu don’t accept upward boundaries. Therefore we have now set a new beer record with an astonishing 40% ABV.”

Disponível em garrafas de cerâmica de 330 ml, pessoalmente assinadas e numeradas pelo Mestre-cervejeiro em pessoa. Cada garrafa é selada manualmente com cera e vem em embalagens de madeira com janela transparente em um dos lados.”



terça-feira, fevereiro 02, 2010

LANÇAMENTOS

Aqui vão algumas sugestões de CDs para quem tem vontade de escutar alguma coisa diferente de vez em quando mas não faz ideia do que tem saído nas lojas, que preste. Às vezes porque também não tem muito tempo de ficar procurando, ou porque não sabe direito onde procurar. A ideia, então, é passar aqui algumas dicas, variando o tema de vez em quando. Nesse primeiro post, por exemplo, vão dicas de coisas mais atuais, no próximo, de repente, coloco coisas mais clássicas, e assim vai.

Esses três aí embaixo foram lançados nesses últimos quatro meses:


Them Crooked Vultures - Them Crooked Vultures

Banda nova, mas com cara de projeto, ou seja, sem pretensão nenhuma. Todo mundo conhece os integrantes: John Paul Jones (Led Zeppelin), Dave Grohl (Foo Fighters) e Josh Homme (Queens Of The Stone Age). “Elephants” parece uma coletânea de riffs do Led, e do mesmo jeito que essa, todas as outras faixas tem esse clima dramático, agressivo e irreverente. O tipo de rock que tocava no tape do carro quando o povo saía pra farra.





Pearl Jam – Backspacer

Uma das únicas bandas de rock autênticas que tem mais de dez anos. Como todos sabem, fazia tempo que esses caras não lançavam nada descente. Os últimos discos dessa banda foram meio reflexivos e soturnos demais. Esse não é um Vs., mas vale a pena, tem o profissionalismo e a técnica de uma banda experiente, misturado a um clima adolescente e divertido, sem perder o tom reflexivo e sério. Se você não gostar não terá perdido muito tempo, o álbum só tem 37 min.





The XX – XX

Música eletrônica, que droga, pois é. Não pense que não existe som eletrônico de qualidade. Nem tudo é o que toca na boate. Lembra quando você tinha aquelas ideias de fazer som no computador, com aqueles programinhas, achando que devia ser fácil? Esse disco foi feito por quatro jovens em torno dos vinte, e parece que foi feito assim, mas faz agente desistir da ideia de vez. Não vai ter como repetir a sofisticação minimalista, a criatividade, o tom melancólico suave e introspectivo, e a maturidade desse aqui. Escuta tarde da noite, chovendo, e vê se seu humor não melhora.



domingo, janeiro 31, 2010

INVICTUS

Invictus

Out of the night that covers me,
Black as the pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds and shall find me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.

Quando assisti a esse filme, em princípio não dei muita importância. Pareceu meio simplista no início, mas depois fiquei analisando na minha cabeça as cenas, e vi que algumas ideias do filme são muito concretas.

Semana passada eu assistia à uma palestra, quando foi mostrada a seguinte figura: um canibal, segurando talheres, diante de um caldeirão dentro do qual havia um cara meio que esperando para ser devorado. Seguiu-se, então, a pergunta à plateia: “Existe “evolução” do canibal, a partir do momento em que este passa a usar talheres, enquanto praticando seu costumeiro canibalismo?”

Engraçada a pergunta, já que pressupõe errado o canibalismo logo de cara. O que é certo e o que é errado? Não é uma questão simples, embora pareça. Imagine tudo o que tem que ser considerado: ética, cultura, história, leis, moralidade, senso comum, para que se possa ter alguma segurança quanto a isso. Meu certo e errado nunca é igual ao seu. De qualquer forma, a algum tempo que eu procuro denominadores comuns onde me apoiar. E justamente pensando nesse filme, lembrei que existem alicerces que não podem ser desconsiderados, pelo contrário, precisam ficar cimentados na minha consciência.

“The Man in the Arena” é o título dado a um discurso feito por Teddy Roosevelt em Paris, em 1910. Uma passagem desse discurso foi entregue por Mandela nas mãos de Francois Pienaar, em 1995, antes do início da Copa do Mundo de Rugby, e não o poema Invictus, do escritor inglês William Ernest Henley. Embora tanto o poema quanto o discurso tenham mensagens correlatas.

Todas as pessoas que conviveram comigo, principalmente nesses últimos anos, lembrarão, quando estiverem lendo esses parágrafos, que estiveram comigo na Arena, em várias ocasiões. Não criticaram, não apontaram, mas foram criticadas e foram apontadas, enquanto limpavam os rostos sujos de poeira, suor e sangue. Esse é o nosso denominador comum, nosso alicerce. É o que nos dá segurança. Temos a liberdade de conviver com os nossos iguais, o que se dá de uma forma muito natural, e isso nos basta, então não vamos apontar, julgar e criticar o certo e erado alheio, mas eu sei, e vocês sabem, que nós não fomos covardes, que “diante das garras do destino, nós não vacilamos nem nos ouviram chorar, e sob as pancadas do acaso, nossa cabeça sangrou, mas permaneceu levantada”.

The Man In The Arena

“It is not the critic who counts; not the man who points out how the strong man stumbles, or where the doer of deeds could have done them better. The credit belongs to the man who is actually in the arena, whose face is marred by dust and sweat and blood; who strives valiantly; who errs, who comes short again and again, because there is no effort without error and shortcoming; but who does actually strive to do the deeds; who knows great enthusiasms, the great devotions; who spends himself in a worthy cause; who at the best knows in the end the triumph of high achievement, and who at the worst, if he fails, at least fails while daring greatly, so that his place shall never be with those cold and timid souls who neither know victory nor defeat.”